Walter Fabro, ex-vereador e conselheiro de Tarso Genro, esteve recentemente no Japão representando a Força Sindical. Em espantosa entrevista para a Rádio Spaço ele manifestou todo o seu deslumbramento com a realidade sindical do Japão. Segundo Walter Fabro o modelo japonês é “muito semelhante” ao brasileiro. Não sei qual é a suposta semelhança entre os dois, já que Walter Fabro não enumerou nenhuma. O que sei é que o modelo sindical do Japão dá certo por não permitir a existência de uma Força Sindical Nipônica.
Entre as peculiaridades brasileiras está a de nunca ter ratificado a convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Aquela que trata de liberdade sindical. O modelo brasileiro, copiado do sistema fascista italiano, de estilo corporativista, é o completo oposto do modelo de liberdade sindical existente no Japão. Enquanto lá se incentiva a concorrência entre múltiplos sindicatos por categoria, chegando a haver, em muitos casos, um por empresa, como relatou o próprio Fabro, nosso modelo restringe a formação de sindicatos a um por categoria e lhes lega o monopólio da representação trabalhista. O modelo brasileiro é o mais eficiente em tornar os Sindicatos em entidades pelegas do governo e o mais incompetente em representar de fato os interesses dos trabalhadores.
Há muito tempo as centrais sindicais deixaram de representar os interesses dos trabalhadores para representarem só os seus próprios. Não é à toa que elas se posicionaram sempre contrárias aos esforços de modernização das leis trabalhistas. Acima do interesse dos trabalhadores, se colocaram contra as Comissões de Conciliação Prévia, contra o Rito Sumaríssimo e contra a lei criadora do contrato por prazo determinado. Acima do interesse dos trabalhadores se colocarão, também, contra o fim da unicidade e contra o fim da obrigatoriedade do pagamento do Imposto Sindical. Tudo em prol da continuidade do seu poder despótico sobre as relações de trabalho.
Em sua entrevista no programa de Rogério Portolan, Fabro dá a entender que o aprofundamento de nosso modelo sindical nos fará, em um futuro hipotético, chegar ao patamar alcançado pelo Japão. É uma rematada besteira. O Brasil só chegará ao nível japonês se der um ippon no monopólio da Força Sindical.
Confiram a entreivista de Walter Fabro, na Spaço FM, que motivou a escrita deste artigo clicando aqui.
Artigo publicado no Jornal Informante em 25 de Fevereiro de 2011
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